A ex-Biblioteca da Fundação Calouste Gulbenkian, sediada num dos anexos dos Paços Municipais na cidade da Ribeira Grande está prestes a mudar-se de instalações, local onde durante anos fez a delícia de muitas crianças e hoje já adultas, adquiriram o gosto pela leitura graças àquele espaço.
Em declarações ao Diário dos Açores (DA), a adjunta da presidência para os Assuntos Sociais e de Cultura, Catarina Albergaria refere que na próxima segunda-feira vão arrancar as obras de restauro do antigo Externato, igualmente sediado na Ribeira Grande, onde vai albergar o Arquivo e numa primeira fase a Biblioteca Municipal.
As obras estão orçadas em cerca de 50 mil euros e, “no prazo de 90 dias vamos passar deste espaço para o antigo Externato, onde vai funcionar como instalações ditas provisórias até ficar concluído o projecto e obras da Casa da Natividade, no Largo das Freiras”, ressalva Catarina Albergaria. “A autarquia pretende dentro de dois anos iniciar o processo de transferência para a Casa da Natividade, porque aquele espaço está destinado precisamente para isso, para ser a Biblioteca Municipal e aí teremos as instalações definitivas para receber todo este acervo”, afirma, acrescentando que “vai ser um espaço mais dinâmico, muito mais moderno e é uma maneira de dar vida aquele edifício e colmatar a lacuna de falta de espaço que esta Biblioteca tem hoje”.
De acordo com Catarina Albergaria, o município sempre deve muita importância às bibliotecas, não só este executivo assim como os anteriores que passaram por esta edilidade “e a prova está que, a Fundação Calouste Gulbenkian quando entregou as bibliotecas aos municípios, esta Câmara logo se dispôs a aceitar”.
Vão ser transferidos para o espaço provisório do antigo Externato, grande parte do espólio disponível na Biblioteca tais como obras de História Universal; História de Portugal; História dos Açores; História da Ribeira Grande; Literatura Portuguesa; Literatura Açoriana; Obras literárias de autores ribeiragrandenses; Dicionários e Enciclopédias. Assim como a Secção Juvenil que oferece literatura e vídeos. Esta Biblioteca começou a prestar serviço à população no ano de 1966 sob a alçada da Fundação Calouste Gulbenkian e em 2002 foi doada à autarquia ribeiragrandense.
Cristina Silva, funcionária de longa data da Biblioteca municipal referiu ao DA, que esta transferência é bem vinda, porque existem muitas falhas actualmente.
“Antes quando era da Fundação, tínhamos muitas vantagens, porque fornecia caixotes de livros de tempos a tempos, isto é, tínhamos mais recursos”, adianta Cristina Silva, acrescentando que, “desde 2002 que a biblioteca tem vindo a ser prejudicada, sobretudo devido às actualizações dos livros, que com um orçamento limitado da Câmara, ficamos também limitados aos livros e em relação aos recursos humanos”.
Ao nível da animação dentro da biblioteca, também existe uma grande lacuna. Isto porque Cristina Silva é a única funcionária a trabalhar neste local e confessa que não pode estar nos dois sítios ao mesmo tempo. Nesta Biblioteca para além da sala de leitura, quem sobe as escadas e entra numa sala à direita pode encontrar a sessão Infantil, que ao nível da decoração é muito apelativa, contudo não existe nenhuma educadora de infância para lá estar em convívio com as crianças e, por isso está fechada.
“A última vez que abriu foi no Natal mas desde daí tem estado fechada a sala, porque não temos ninguém, e tem-nos feito muita falta, porque os miúdos gostam de estar aqui neste espaço”, refere Cristina Silva, adiantando que este espaço “não possui condições de segurança, nem animação para manter os miúdos cá”.
No âmbito desta questão, Catarina Albergaria esclarece que “ daqui a dois anos, quando a Casa da Natividade estiver pronta a receber-nos, esta Biblioteca vai tomar um novo rumo, porque com certeza vamos ficar com mais recursos humanos”. (...)
Questionada acerca da possibilidade de poder fazer chegar os livros às freguesias mais distantes do concelho para contemplar as crianças com o prazer da leitura, Catarina Albergaria afirma que não existe nenhum projecto neste momento e a única hipótese que estas crianças e jovens têm, é quando saem da escola e deslocam-se à biblioteca ou então através de visitas de estudo proporcionadas pelos professores.
“Antigamente havia as carrinhas que percorriam cada freguesia e assim permitia que estas crianças requisitassem os livros que desejavam. Agora neste momento, vamos centrarmo-nos nas mudanças e quando ficarmos instalados definitivamente na Casa da Natividade, é uma boa opção, voltar às carrinhas móveis”, assegura a responsável. Fonte : Acores.Net - 10/04/006
Publicado por Fernando VilarinhoEtiquetas: Acontecimentos, Equipamento Instalações e Mobiliário |